é quase uma topada, uma pegada na quina quadrada da madeira de um troço que, se digo o nome, posso perder um olho. assim, com isso, arrisco pouco: um verso, uma linha... evito os movimentos bruscos por receio do rebote, centrifugo minha voz ao redor das coisas, gingo entre ecos e reflexos de paredes carregadas de mim. mas, por melhor que entre na curva, por menor que seja meu passo, por maior a velocidade de escape, ainda que, magro, possa escorrer pelas fissuras, as coisas, todas elas, justo as coisas, por serem coisas, exercem força; devolvem, em expectativa, nossa história: puxam, sugam, aspiram. e eu volto a me esborrachar. Thiago Braga Sá vive em Maricá, zona metropolitana do Rio de Janeiro, onde atua também como professor de Língua Portuguesa da rede pública municipal. Aluno de mestrado do PPGAS/MN e graduado em Linguística pela FFLCH/USP. É orientado por Bruna Franchetto e pesquisa sobre o território kuikuro – como é produzido e representado através das artes verbais, como se articula com as chefias indígenas do Alto Xingu e a história kuikuro, como nos ajuda a compreender a pragmática dos dêiticos da Língua Karib do Alto Xingu. E-mail para contato: [email protected] Os comentários estão fechados.
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AutoresAna Cláudia Teixeira de Lima, PPGHCS/COC/Fiocruz Arquivos
Novembro 2020
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