Corpos que Falam: um lugar para as vozes de estudantes de pós-graduação em quarentena
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Diário de um vetor - [Ana Paula Rodrigues, PPGAS/MN/UFRJ]

29/11/2020

 
ImagemWasted Time, de Anna Chase-Roberts. Fonte: http://annachaseroberts.co.uk/wasting-time
Em março deste ano, no início da pandemia no Brasil, inaugurei um documento em meu computador chamado “diário de um vetor”. Escrevi pouquíssimas vezes: quando tive que voltar do Rio de Janeiro para a casa de minha mãe no interior de Minas Gerais, quando Bolsonaro fez seu primeiro pronunciamento estapafúrdio chamando a Covid-19 de gripezinha, quando os conflitos entre “salvar a economia versus salvar pessoas” se acirraram, quando fui à Belo Horizonte e vi um jacaré na Lagoa da Pampulha. Escrevi também quando o Brasil atingiu a marca de quatro mil mortos e quando essa marca ultrapassou os quarenta mil. Hoje somam-se mais de cento e sessenta mil mortos no Brasil e mais de um milhão e trezentos no mundo. Já não acompanho esses números diariamente, nem o Google dá destaque a notícias sobre as mortes pela pandemia. A título de registro, a bola da vez são as vacinas, que despontam como única esperança.

Desde março, muita coisa mudou. Comecei a pandemia me sentindo um vetor, uma assassina em potencial, capaz de transmitir o vírus sem querer, inclusive para desconhecidos. Depois, fui ao medo de eu mesma adoecer e de lá alternei entre o medo e o desejo, pois quem sabe assim poderia atingir a imunidade/liberdade. No início disso tudo, tive o ímpeto de tentar entender o que estava acontecendo, de registrar, de lutar. Salvei prints do twitter de Bruno Latour, discuti com pessoas na internet, ouvi podcasts, li sobre a  pandemia de Gripe Espanhola, guardei os poemas enviados por países que cooperavam entre si com máscaras e outros equipamentos. Porém as grandes catástrofes não podem ser entendidas, nem há como estar completamente consciente nesses momentos. Ao longo dos meses senti que o mundo se desmantelava lá fora, mas a vida começava a dar indícios de seguir. Lembrei dos livros que li sobre a Segunda Guerra Mundial, das pessoas se casando no front soviético, de Anne Frank estudando em seu esconderijo, vivendo os dramas pessoais de seus treze anos. A capacidade da vida de seguir é brutal.

​


​
​Agora já se passaram nove meses e muitas pessoas voltaram às ruas, mas muitas permanecem em casa. Enquanto escrevo, impressiono-me com o quanto pôde acontecer nesse tempo, mesmo num mundo aparentemente parado. Parecem cenas longínquas os canais de Veneza limpos, as ruas de Nova Deli vazias. Penso em como vamos nos lembrar das ruas se enchendo de novo, das pessoas com  máscaras personalizadas, dos jogos de futebol com as arquibancadas sem ninguém. Em meu “diário de um vetor”, escrevi sobre Donald Trump sem jamais imaginar que ele perderia as eleições deste ano. Não há mesmo como saber do futuro.


Por enquanto, sigo sendo um vetor não sacrificável (como não é o caso dos visons que foram assassinados há pouco na Dinamarca). Além disso, sigo vítima em potencial. Durante esses nove meses, muitas vezes só queria deixar a peteca cair. Queria jogar a maldita peteca para bem longe. Mas o movimento da vida se impõe: se a peteca cai, a recolhemos do chão e continuamos o jogo.
  

Ana Paula Rodrigues cursa o doutorado em Antropologia Social no Museu Nacional-UFRJ. Seu projeto de pesquisa e de tese é sobre a poesia do povo Xakriabá, Minas Gerais. É também poeta e lançou este ano seu primeiro livro infantil, intitulado "Vó Maria vai ao Rio". 

Atotô - [Safira Karina Reink Silva, PPGAS/MN/UFRJ]

17/11/2020

 
Para Luane Bento dos Santos
Imagem
“Decisa” - Foto tirada pela autora – setembro de 2020
Angústias e esperanças
Rondam a madrugada.

Estamos em recolhimento,
Ela disse
Minha irmã de Iemanjá
Trocando mensagens
Cibernéticas espacialidades
Fazem a gente se encontrar
E a gente encontra alento
Em musicas
Sonhos
Pesadelos
Poemas e desenhos
Livros e mensagens
Amizades
Irmandades
que estão de alma presente
Mas com o corpo noutro lugar
E nem tão cedo a gente se encontra
E nem tão cedo a gente se vê
Quanto tempo, pois é
Pois é, quanto tempo?

Guenta a rotina
Espera a vacina
Sorte de quem está com os seus
Entre os seus
Quem tem uma turma dentro de casa
Nem todo mundo tem
Tem gente sofrendo
De solidão ou de companhia
Tem muita mulher aflita
Mulher, menina, adulta e criança,
Adoecida, esmorecida
Com dor que não tem mais onde doer
De hoje, de ontem
De agora e de antes
E do que está para acontecer

Estamos recolhidas,
presas em mundos de intimidades
casas-paraíso ou casas-cativeiro-cruel
ou casas-de-sempre, só
alegria, trabalho, briga, barulho
A gente segue
vivendo a rotina
comida, trabalho, criança, faxina
correria, aflição, oração
reza, reza
reza pra não ficar doente
não virar número
num estado que dá de ombros
e finge ser nada de mais

Entre muros a vida
continua,
mas já mudou.
Sem as idas e vindas
Sem pendular
de lá pra cá
Sem a rua com sua euforia
seu cansaço e prazer
sua labuta bruta
ônibus, trem
dióxido, poluição,
aflição, afobação
cano de descarga, rodoviária
sufoco
lotação
supervia
amendoim, é três por um real
sinal
sono e simpatia
estação, travessia e construção.

A rua saiu da rotina
Virou exceção
A rua ainda mais suja
Mascarada
Apressada
Desconfiada
A rua é contaminação

“Sai que eu tô de rua!”
Grita a vizinha
Pro netinho e pra netinha
Bem em frente ao seu portão.

A rua é perigosa
Normalmente
Pra muita gente
Inda mais se é preto
se é mulher
se é do candomblé
se é o que é.
Umbanda, quimbanda, batuque
Filho de toda gira
Se anda com suas guias
Sabe bem como é andar
Alerta, assustado
Traçando um atravessado olhar do outro lado
transeunte apavorado
atravessando a rua pra não cruzar

E se vive nas quebradas
parado na esquina
Sabe que é padrão
Desviar do camburão
Sirene apagada,
Chega do nada
Pronto pra te pegar.

Pra muita gente
A rua já é medonha
Risco já é normalmente
Mas agora somou problema
Por fora do esquema
Um troço que não se vê
Que circula na comunidade
Risco maior pra quem não crê

Calado por dias
cresce em você
rodopia
e dá voltas
Entra na casa
Sem ser convidada
Invade teu quintal
Chega em quem não devia
Em quem te dá a mão
Vem de quem nem pressentia
O risco de sair
Pôr o nariz pra fora do portão
Vai naqueles que tu mais abraça
Beija
Alimenta
Amamenta
Ama
Acalenta
Galera que dorme contigo
Que divide um sentimento
come, brinca e faz festa
chora e ri
Mas o clima agora não é de festa
Festa é “a-g-l-om-e-r-a-ç-ã-o”
(Soletre-se, para caber no entendimento!)

Inverno rigoroso
Hora de hibernação
De fugir da confusão
criança não deve sair
Brincadeira, correria: não.
É coisa de menos fazer
“Não tome vento, menina”
“Fica em casa que a noite está fria”
(O dia também)
E aquela gripe, resfriado, rinite
Escarro, tosse, coriza
Meleca de toda guisa
Traz nova preocupação
Estamos recolhidas
Com nossas almas reunidas
E me vi assim também
Falo comigo mais a cada dia
E transito entre espaços e tempos
Becos e vielas
Portas trilhas e tramelas
Traçados na memória
Tanta história
Tantos gritos
Tantos medos
Silêncios, fugas, esquecimentos
perdidos, escondidos, enterrados
nos cantos,
ocultos no vão

São chaves velhas sangrando na mão
Portas trancadas
Baús de Retalhos
Mofo nos agasalhos

Espalho tudo no chão
Tento refazer meus passos
Minh’alma viaja
Por dias e horas
vagas
Por tantos lugares
Viajo e me encontro
Me encaro de lá
Com outras caras
Outras máscaras
Risos, sorrisos e lágrimas
Poucos mapas
Tantas feridas
Abertas, secretas
Estilhaços que ainda
Circulam e ardem no caminhar

Pra dor não me pegar de surpresa
Tento manter a vela acesa
Pra Orixá me guiar
Pra não perder a sanidade
Pra não me amargar na maldade
Das lembranças que nem queria lembrar
É tanta doença que esse mundo tem pra tratar

Nestes dias de isolamento
Meu rebento é o sol e eu sou um lamento
Ter uma cria é riso
É motivo pra continuar.
Me banho na luz e feito borboleta
Peço a Iansã que me leve no vento
Pra fora de mim, me deixe viajar
Que me mude o pensamento
Invada meu coração
Me permita voar
Peço a Iemanjá,
Odoiá
que me venha com água fria
O ori me molhar
que o mar
me alimente com uma canção
ao fim do dia
acalente o coração

A Oxum imploro que me geste
me embale, Mãe
me renasça
Oraieie

A Nanã que me enraíze
nas forças das ancestrais
Que a lama me purifique
Que o barro me edifique
Pra que eu possa me levantar

Peço a Ewa que faça
o sol entrar pelas frestas do muro e do portão
Que me deixe levar
Purifique o peito de tanta mágoa
e me conceda o horizonte pra me guiar.

No quintal eu me sento
Abro a esteira e me estendo
A Oxóssi que é o meu lugar
Arolê, Pai.

Debaixo das folhas eu peço
Me dê a palavra certa
Peço a Ogum o caminho aberto
Me ensina a me guiar.
Troco a água acendo folhas
e peço axé

Te falo, minha irmã querida
Se não fosse você aquela noite seria mais aflita
Umas palavras trocadas podem curar
Agradeço a você e àquelas outras
Mulheres amadas que não andam à toa
Grandes lobas farejam na vegetação
Me ensinam com suas pegadas a caminhar
A saltar, a uivar,
a amar e a ser amada
A sorrir e estender a mão
Apesar de tudo
Deitar no chão
Acender a fogueira e luzir
Ser luz na escuridão

Nessa distancia sigamos unidas
Recolhidas no mesmo roncó
Num barco que seja por nós guiado
E nos leve a serenos mares
Terras férteis, curadas por canções

Mesmo de corpo trancadas
Sigamos de almas plenas
Livres e serenas
Dando voltas no tempo
Deixando o vento levar
Nos encontrando lá e cá
Catando pedaços, fragmentos
conhecendo
descansando
e refazendo
Vamos nos recolhendo e crescendo
Girando mundo a nos encontrar
Procurando o fim desses males
Rezando pra Omolú no silêncio
rodar essa terra e curar.
​
Atotô!

​
Safira Karina Reink Silva [[email protected]] etnografa os quintais do Jardim Belo Horizonte, bairro da região de Morro Agudo, Baixada Fluminense, observando a relação entre quintais, casas e corpos, dimensões imbricadas, mutuamente construídas, materializadas nestas espacialidades vivas que se conectam entre si através dos fluxos e narrativas de seus moradores.


A quarentena criativa? - [Ramon Feliphe Souza, PPGHCS/COC/Fiocruz]

12/11/2020

 
No final de 2019, surgiram na China os primeiros casos da COVID-19, doença causada pela novo corona vírus que logo se espalhou pelo restante do mundo. Escrevo esse texto em novembro de 2020 e a doença ainda está presente e é um desafio diário lidar com ela. Várias dimensões da minha vida têm sido atravessadas por essa situação. Há muito tempo, por exemplo, não reservava um tempo para me dedicar à escrita livre, ou seja, fora do jargão acadêmico usual ao qual me dedico desde 2010, ano em que iniciei minha graduação. Sempre gostei de escrever poesia, contos, crônicas. No início da quarentena, pensei em usar todo o disponível para escrever novamente. O que planejei não ocorreu. Passei dias e dias, como costumo dizer: avulso. Literalmente, jogado, sem conseguir cumprir alguns prazos, sem nem mesmo conseguir responder aos amigos que me enviavam memes – que tanto gosto, via Facebook ou WhasApp. Às vezes eu sentia muita culpa – confesso que ainda sinto, mas com menos frequência. Em outras ocasiões, tentei entender a situação e ser generoso comigo mesmo. Somente mais recentemente, em que estamos otimistas quanto à espera por uma vacina, é que me senti confortável para voltar aos meus ensaios livres, ao que gosto de fazer. A insegurança que esse ano tem representado por vezes me dominou e me atordoou. Mas não tem problema! A atual situação, apesar das epidemias serem frequentes na história humana, tornou 2020 um ano sem precedentes na vida de qualquer pessoa. A ponto de nem mesmo os nossos pais, por exemplo, que no meu caso são as pessoas com quem me sinto em segurança, terem vivenciado experiência parecida ou possuírem referências para nos consolar. Assim, muitas saídas e soluções para ansiedades foram construídas (e ainda estão) de forma conjunta. É por isso que nesse desabafo agradeço as pessoas especiais que, de perto ou de longe, diante do isolamento que a situação atual pede, tem sido pacientes e parcerias leves nessa caminhada. Tempos de pandemia tem nos ensinado que ser criativo ou produtivo pode simplesmente significar sobreviver. Do lado de cá, eu seguirei tentando, deixando a beleza e a poesia, a qual tanto pretendi me dedicar no início da quarenta, a cargo de Guimarães Rosa, que não errou quando disse que “a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem”. Beijos e abraços!Clique aqui para editar.
Sobre o autor: Ramon Feliphe de Souza é doutorando do Programa de Pós-Graduação em História das Ciências e da Saúde, e estuda temas ligados à História do Norte de Minas Gerais, as relações entre ferrovias, meio ambiente e saúde, a Ação Social da Igreja Católica no século XX e o envolvimento desta instituição no apoio a programas de desenvolvimento rural no Brasil. E-mail: [email protected]

Novo prazo - [Jacques Ferreira Pinto, PPGHCS/COC/Fiocruz]

4/11/2020

 
Rio de Janeiro, 23 de outubro de 2020, ano pandêmico.
 
Uma das coisas que nós, pós-graduandos, mais temos que lidar são os prazos. No mestrado, vinte e quatro meses contados para terminar. No doutorado, quarenta e oito meses. Tem prazo do exame que chamamos de qualificação - recomendado que ocorra na metade do tempo total do curso. Tem prazo para entrega de trabalhos de disciplina, geralmente um mês depois que o curso acaba. Tem prazo também para submissão de artigos para revistas acadêmicas, para inscrição em congressos e simpósios, para envio do texto completo, para envio de relatório interno, para atos administrativos do curso, ufa! Se quiser, também podemos contar com o prazo de inscrição no processo seletivo para ingresso no curso de mestrado e doutorado - talvez um dos primeiros e mais corridos.
 
Enfim, prazos e mais prazos. Mas qual é o prazo da pandemia?
 
Consigo enxergar a preocupação com o prazo da pandemia quando meus pais, meus mais velhos, perguntam “quando isso vai acabar?” ou “rezo para que isso termine logo”. Quando minhas sobrinhas de dez anos de idade, gêmeas, minhas mais novas, dizem “a quarentena é muito chata, será que acaba no próximo mês?”. Meus mais velhos e minhas mais novas são referências para mim nesse momento. A paciência de minha mãe em tornar nosso espaço um lugar de bem-estar junto ao futuro visto explicitamente nos olhos de minhas sobrinhas são algumas coisas que me fazem seguir.
 
Um misto de desespero (sim! é desesperador!) e esperança (seria essa palavra?) marcam esse momento pra mim.
 
É desesperador ver um projeto de genocídio de jovens negros oportunizado com um vírus pelo Estado. Como o que vimos, o que vemos e o que tragicamente aguardamos ver.
 
O que vi: um querido eterno aluno tendo sua vida retirada pelas mãos do Estado. O nome dele é Rodrigo - Uma vida .

O que ouvi: os tiros das armas protocoladas pelo Estado que tiraram a vida de Matheus na esquina de minha rua.

A esperança… ela tá aqui, mas ela é mais difícil de ser expressa nessa linha.
 
Mas a sensação de semanas atrás (ou meses?) na contagem perdida dos dias é que o prazo da pandemia foi prorrogado. Pra quando? Alguém poderia perguntar num grupo do whatsapp. Ninguém sabe.
Sem resposta.
Imagem
Manifestação por justiça pelo assassinato de Matheus Oliveira, 23 anos, na rua São Miguel, Morro do Borel, Rio de Janeiro/RJ.
​(Foto: Jacques Pinto, junho/2020)
Imagem
Parede de quarto: Nada é tão nosso quanto os nossos sonhos.
​(Foto: Jacques Pinto, abril/2020)
Imagem
Autorretrato: selfie.
​(Foto: Jacques Pinto, outubro/2020).
Trabalhar com prazo, mas sem sabê-lo. No meio da pós-graduação, isso não existe - inclusive os prazos estão aí, o relógio da pós-graduação não para. O calendário tá acessível. A avaliação já está marcada. Apesar disso, o prazo da pandemia não sabemos. E aí, o que fazer? E acho que esse é o verbo: fazer. O que dá pra fazer num prazo prorrogado e indeterminado como esse? Dá pra ter prazer? Dá pra não se desesperar? Dá pra não se isolar ainda mais?
 
Poderia falar aqui sobre como estou tentando burlar as ansiedades, existir dentro desse espaço da pós-graduação no contexto da pandemia que me é resistência muito antes do vírus chegar, explicar como substituir conversas de café, corredor e ônibus por ligações e mensagens para criar e manter laços.
 
Mas o que dá vontade de fazer é perguntar mais uma vez: qual é o prazo? Qual é o prazo pra esse inferno acabar?
 
Com o prazo da pandemia prorrogado, ao invés do alívio que poderia surgir caso fosse da entrega de um relatório, a ansiedade misturada com desânimo aumenta. Para alguns, parece que o prazo terminou há um ou dois meses atrás, mas pera aí? Ninguém avisou?
 
Ela vai acabar. Mas os outros prazos de outros infernos na terra irão acabar também?
 
Já me senti durante esse período como se estivesse dentro do túnel dos irmãos Rebouças no sentido Zona Norte (fugindo do planeta de aparência branca chamado Lagoa). Naquela galeria maior, num trânsito infernal, no calor do verão carioca, ônibus lotado sem ventilação, suor escorrendo pelas costas enquanto seguro a mochila pesada, tentando ver literalmente pela brecha entre as pessoas a luz do fim do túnel. Me sinto numa curva pela sensação do tempo já transcorrida que dá a ideia de que a abertura está lá, mas ainda distante.
Imagem
Túnel Rebouças.
(Foto: Gaban. Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Túnel_Rebouças . Acesso: outubro/2020)
Vamos seguindo do jeito que dá. Tem gente que vai dizer que o pior já passou. Mas aí vem uma pergunta: o que é o pior pra você?
 
Fico no aguardo se alguém descobrir o prazo.
Sobre o autor: Jacques Ferreira Pinto, PPGHCS/COC-FIOCRUZ, 23/10/2020, Rio de Janeiro/RJ. Atualmente na tese de doutorado, pesquiso a busca por liberdade de africanos e seus descendentes escravizados por motivos de saúde e doenças numa comunidade rural chamada Vínculo do Jaguará em Minas Gerais durante o século XIX. E-mail para contato: [email protected] / @jacques.pinto.

    Autores

    Ana Cláudia Teixeira de Lima, PPGHCS/COC/Fiocruz

    Ana Paula Lino de Jesus, PPGAS/MN/UFRJ

    Ana Paula Rodrigues, PPGAS/MN/UFRJ

    Avohanne Isabelle Costa de Araújo, PPGHCS/COC/Fiocruz

    Anari Braz Bomfim, PPGAS/MN/UFRJ

    Antonia Gabriela Araújo, PPGAS/MN/UFRJ

    Enoc Merino Santí
    ​PPGAS/MN/UFRJ


    Felipe Moretti,
    PPGAS/MN/UFRJ 
    [1], [2]

    Gabriel Soares, PPGAS/MN/UFRJ
    ​

    Isabel de Oliveira Dessana,
    PPGAS/MN/UFRJ


    Jacques Ferreira Pinto, PPGHCS/COC/Fiocruz

    João Ramos
    PPGAS/MN/UFRJ


    Jorge Tibilletti de Lara, Ppghcs/Coc/Fiocruz

    José Roberto S. Saiol, PPGHCS/COC/Fiocruz
    ​
    Juliana Oliveira Silva, PPGAS/MN/UFRJ

    Laila Pedrosa da Silva, PPGHCS/COC/Fiocruz]

    Laura Lobato-Baars, PPGAS/MN/UFRJ

    ​Marcela Andrade, PPGAS/MN/UFRJ

    Mutua Mehinaku Kuikuro, PPGAS/MN/UFRJ – egresso

    Natália Carvalhosa
    PPGAS/MN/UFRJ


    Nelly Duarte Dollis,
    PPGAS/MN/UFRJ


    Pedro Souza Moreira da Silva, PPGHCS/COC/Fiocruz

    Ramon Feliphe Souza, PPGHCS/COC/Fiocruz

    Rebeca Capozzi, PPGHCS/COC/Fiocruz

    ​Safira Karina Reink Silva, PPGAS/MN/UFRJ

    Sandra Benites, PPGAS/MN/UFRJ [1], [2]

    Thayná Soares de A. Vieira, PPGHCS/COC/ Fiocruz

    Thayane Lopes Oliveira, PPGHCS/COC/Fiocruz

    Thiago Braga Sá, PPGAS/MN/UFRJ

    ​

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